terça-feira, 18 de agosto de 2009

Infinitude

Aqui,
Onde floresço quando o sol rompe a janela
Como se o tempo me pintasse numa tela,
Lentamente…
Aqui,
Esta tristeza sensual é mais serena
Porque a saudade se respeita e não tem pena
De quem sente.

Aqui,
Melancolia semeada campos fora
Cantada ao povo e segredada a qualquer hora
À gargalhada de um sarcasmo ao pé da porta…
Aqui,
Sente-se o quente a apertar-nos a garganta
Nesta verdade desarmante que agiganta
A força louca da paisagem quase morta.

Aqui,
Desta janela onde se avista a liberdade
Diz-se que ainda vale a pena amanhecer
No mais mordaz silêncio que vivi…
Aqui
Torna-se urgente uma certa crueldade
Quando se parte sem chegar a conhecer
O doce encanto que roubei e ofereci...

... Aqui,
Onde o meu corpo não tem culpa e quer morrer!

(Sabe bem a catarse alentejana...)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Paciência

Angústia, dor e lamento
Intempéries de ventura
Sacrilégios da aventura
Em que sentimos a perda
Que perdura o sustento da ilusão.
Quebrou-se a magia.
Como um caco desprezado
De uma caneca vazia
Que nos passou mesmo ao lado.
Angústia, dor e lamento.
Já não sou eu que as invento
Em mais desgosto de amor.
São muito mais que palavras
Sentimentos,
Ou natural consequência
De um inferno atroz
Que me queima com fervor.
Paciência!
Pouco há para mudar.
Nasci para te amar!
Deram-te a mim por missão
E mesmo que haja um não
Dificilmente a razão
Me vai fazer afastar.
A vida é mesmo assim,
Angústia, dor e lamento.
Porque te quis para mim
Ou porque ainda temos tempo.

(Hoje é seguramente um dos piores dias de toda a minha vida)

sábado, 1 de agosto de 2009

Acabado de chegar ao ALLgarve...


Acabei de chegar ao Algarve! Albufeira bombeia vida por todos os lados. Gente, bifes, carros, restaurantes "sanguináreos", obras, por momentos o Algarve parece mesmo tornar-se cada vez mais no ALLgarve dos olhinhos do nosso Primeiro. Entrei no hotel há cerca de 30 minutos e arrisco a dizer que o vernáculo mais usado neste barómetro temporal não é tanto a lírica camoniana ou, num optimismo mais comedido, o "tá-se bem!" da jovial juventude. Na verdade, germânicos e ingleses (espero que sem gripe) sorriem enfartados quase mangando de um último tuga na ternura dos 40 que, em vão, (ainda) lhes tenta ensinar qualquer coisa em português, nem que seja o mais brejeiro dos calões. Aí é que seria vê-los com as mamocas a confundirem-se com as panças em cada gargalhada gelatinosa! Mas não. Isto já é território conquistado. Português pouco se fala e o mais perto disso é mesmo o dialecto ancestral de quem cá nasceu ou de esforçados indianos e marroquinos sedentos de liquidação total de rosas, balões, isqueiros, bonés com leds, entre outra bugiganga. Chego a imaginar-me a destapar jolinhas em Munique sem ser preciso esperar por Outubro ou a pavonear-me transpirando álcool pelas vielas de Picadilly. Pouca diferença.
Esperam pelos respectivos tranfers que os guiarão a Faro, de onde seguirão viagem aérea para novo destino (arrisco Maiorca ou Biarritz), ajeitam os calções bem acima das generosas barriguinhas, o peúgo branco separa os presuntos da sandália castanha em cabedal do melhor, souvenirs são algumas, t-shirts "I was in Algarve" e suor escorrido pelos peludos sovacos amenizam, todavia, a minha inquietação... Ainda nos queixamos nós da parolice dos nossos emigrantes de Agosto! É que, meus amigos, como vos disse acabei de chegar ao hotel.
Imagino a praia...