segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ricardo Ribeiro à "Porta do Coração"


Nem sempre a vida sorri aos mais audazes. Contraria a afamada frase um homem que o tempo me deu o privilégio de conhecer adolescente. Consigo vê-lo agora como antes: camisa amarela, blazer quadriculado, calça preta, óculos de massa castanha e uma genuinidade sensível no canto do Fado Tango... "Minha mãe nasci fadista, mora Fado no meu peito".
Passou entretanto metade da minha vida, o gosto pelo Fado mantém-se intacto, refinou-se a paixão, o entendimento, a escolha. Aumentou o respeito. Sem veleidades nem caprichos de, a exemplo de tantos, enriquecer a algibeira com Amália, pedi guarida ao Fado para não me abandonar nunca mais. Tal como ele.
Volvem-se os tempos. Hoje sinto-me mais fadista, não apenas pela melancolia latente de sempre, mas também pela "Porta do Coração" que oiço ininterruptamente há dias. Ricardo Ribeiro mantém a genuinidade e potencia autenticidades em cada Fado, em cada poema que indiscutivelmente condiz com o homem. Ricardo, com menos de 30 anos canta ao som de uma viola baixo que há nove décadas premeia a excelência desta música a que se convencionou chamar "Canção Nacional". Como costumo dizer entre amigos, infelizmente não o é porque Portugal não a tem merecido, nem mesmo no presente em que a "moda" pegou e tanta gente se apoia em si para chegar "lá" acima. Mas o Fado resiste. Sempre resistiu.
Ricardo é o exemplo vivo disso mesmo e ao ver o olhar do meu pai preso ao tablier do carro com os olhos encharcados, herdo no momento a emoção e o orgulho por ouvir cantar desta forma quase divina e por ter o privilégio de um abraço a cada encontro. Ricardo Ribeiro está à "Porta do Coração" apenas quando quer sair de dentro dele...
Com efeito, não erro se disser que Ricardo é um dos mais fiéis depositários daquilo que se conquistou por Lisboa há mais de 100 anos. Se o Fado me lisonjeasse com procuração, diria que é uma tremenda honra tê-lo por perto.
Fernando Maurício e Manuel Fernandes estão felizes, Ricardo, não duvido.
A nobreza da arte revê-se na fidelidade de sentimentos, no arrojo dos sonhos e numa capacidade ímpar de tocar. Está ao alcance de poucos. Está ao alcance de ti...

Como espectador, aplaudo-te entusiasticamente de pé, e agradeço-te.
Sois grande.

Estranhos caminhos católicos...


Não sei sinceramente o que vai na cabeça dos alegados representantes da Fé católica no planeta Terra mas, talvez por obra e graça do Espírito Santo que resolveu passados 500 anos fazer justiça, se por a "aldeia global" ser isso mesmo, sacerdotes de ocidente a oriente desataram em jeito de sofreguidão a levar à letra a "proximidade" para com os mais novos, não para as malfadadas aulas de Religião e Moral, mas antes (eufemizando) para um "policiamento de proximidade".
A promiscuidade carnal não é de hoje. Em tempos - descobriu-se recentemente - os túneis subterrâneos do Convento da Cartuxa (Évora) com ramificação directa para o celibato feminino de paragens limítrofes escondiam dezenas de crânios de recém-nascidos. E se é seguro que a cegonha que vem de França não conseguiria chegar ao subsolo, estou então praticamente convicto de que foi milagre!...
Eu até sou aquele herege armado em chico esperto vanguardista e arrojado que defende que um tipo que opta pelo sacerdócio ou que sente o chamamento do Todo Poderoso deve ser um tipo comum, casado ou em união de facto, perfilhando ou contribuindo directamente para a procriação e consequente nascimento da criançada que tanta falta faz ao mundo. Ora, expliquem-me então como o distinto Ratzinger pode então defender que Deus perdoa tudo aos sacerdotes e, por outro lado, coloca os divorciados directamente na cruz, "sem passar pela casa de partida e sem receber dois contos"! Estranha esta justiça de Deus apregoada por esta canalha que se mantém de olhar mole e misericordioso proclamando a igualdade entre os homens enquanto o resultado do "habemus papa" continua a sentar as carnes numa cadeira de oiro maciço!
Se calhar seria boa ideia dizer ao Sr. Bento XVI que esta gentinha (continuo a eufemizar) deita por terra o mito secular de que os comunas comiam as criancinhas! Mas quer-me cá parecer que o líder da igreja católica (infelizmente para os crentes, digo eu) dirá um dia do alto da varanda da Praça de São Pedro que tudo isto foi uma calúnia e que as criancinhas de todo o mundo alucinaram e que tiveram visões... Todas excepto a Jacinta, o Francisco e a Lúcia.
Jesus Cristo, se um dia Resolveres reaparecer, por favor não Te esqueças desta canalha!