domingo, 6 de maio de 2012

E o sorriso aqui tao perto...



Há demasiado tempo que aqui não vinha. Também é verdade que há muito tempo não me encontrava. O caminho de regresso não foi fácil, nunca o é, andei meses a fio ocupado com a melancolia de sempre e a tentar saber porque é que, com tanta gente para visitar, ela me "escolhe" sempre a mim. Enfim.
Tentei saber de mim em mil pessoas, noutros tantos locais mais ou menos recomendáveis. Assustei-me muitas vezes com aquilo que pensei ser eu. Pensara ver-me em diversas situações, imaginei-me, sonhei-me. Tudo em vão... Tenho escrito, não aqui, mas o importante é que tenho escrito. Afinal, tem sido sempre assim desde que me conheço com as minhas parcas virtudes e a mais estúpida sensação de desgraça que me ocupa há demasiado tempo. Tanto tempo!
Adio ainda a "visita" ao meu velho Amadeu (creio ainda que é na tua campa, meu avô, que estará o Santo Graal que me salvará da loucura), mas continua a faltar-me a coragem, não sei se por medo de inundar de lágrimas as moradas dos outros desgraçados que vivem contigo, se com o mais que certo medo de não escapar mesmo à loucura. Mas sempre "te" disse que iria, não sozinho (com medo não sei bem do quê, lá está!), mas irei em breve. Tenho coisas para te contar. Está prometido. Fui habituado a cumprir as promessas pelo meu pai e pela tua amada filha...
Numa altura em que volto a sonhar, o tormento da derrota ressurge com a pujança fiel a um toiro enraivecido. É raro sonhar (a exemplo da melancolia, tem sido sempre assim), na verdade acho que nunca o soube fazer. Como agora, é em jeito de avalanche e com um trote largo e desenfreado que tudo acontece. Sonho ser feliz, e só isso é já suficiente para todos os seus paradigmas se encavalitarem, em barda, na tentativa de uma teimosa e adiada concretização. Luto por isso, talvez como nunca. Afianço que é chegada a hora certa para o fazer. Mereço-o provavelmente pelo que tenho sido e procurado ser ao longo de todos estes anos, sobrevivendo à angústia, à melancolia, aos destroços do caminho... Tenho sido estóico nessas glórias, reconheço-o, mas de pouco me valeram para levantar o queixo.
Hoje, há um estranho optimismo que, a pouco e pouco, me invade dias e alma. Estou alerta para a eventualidade de sorrir, e aposto nisso com certeza inviolável, partilhando finalmente tudo o que sou e o que tenho sido, nomeadamente as mais arrependidas e dolorosas etapas de uma estrada onde falta o asfalto há muito. Parece sair-me de cima cada tonelada que fiz minha sem saber muito bem porquê ao longo do meu tempo, de cada vez que me desfio aos "seus" ouvidos. À estranheza e à novidade do meu sorriso, respondo apenas com o sonho. E que melhor maneira de responder agora que sorrio!?
Há muito que aqui não vinha, é um facto, mas sonho que aqui voltarei não sei quando e escreverei sorrindo como um louco, não aquele que conheço há 32 anos... O outro.

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