terça-feira, 21 de julho de 2009

Alentejo

Ainda que a agrura florescente na aridez da sua terra “o” desfolhe em cada hora passada com a calma de quem sabe e pode esperar, que o tempo demore o tempo que for preciso a passar e que o sol se despeça todos os dias com a melancolia envergonhada de quem quer esconder a mais latente das tristezas, esta imensidão tremenda oferece à vida a pureza e a castidade perpétuas num canto superior, sofrido, genuíno e tocante.
Não “o” oiço mas a nossa linguagem não requer palavras, são simplesmente dispensáveis. Troco-as sem esforço pelo mais enigmático mas cúmplice dos sorrisos e por um murmúrio ventoso que se perde por entre sobreiros históricos meio despidos. Há entre nós a empatia natural de quem se ama e nem mesmo a solidão comum desta hora esmorece a importância que o silêncio de sempre detém numa relação arrebatadora e inqualificável. Assim sou eu e “ele”, um só em cada momento a sós. A vida faz mais sentido aqui, “do lado de cá da vida”, debaixo de um sol tórrido que, impiedoso, parece expulsar toda a vida remanescente… para que fique apenas eu!
A verdade é que vim até “ele” para estar sozinho e carpir…
Como sempre, “ele” não me deixa só.

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