terça-feira, 14 de julho de 2009

A partida

Hoje a madrugada foi cáustica, insensível, dura, interminável. Ao fim de muitos anos, a sensação vazia da partida cravou-se novamente no meu peito da mais atroz das maneiras tolhendo-me de pensamentos e actos e sem espaço de manobra para sequer o arriscar fazer. Hoje a ideia egoísta e sobranceira do lado bom da solidão caiu redonda no chão ao bater das onze horas da manhã no aeroporto de Lisboa. Hoje sinto-me mais melancólico do que o costume. Mais fadista. Mais “eu”. Sinto-me capaz de escrever todos os poemas cantáveis e chegar a mil ideias em torno do verbo amar, mesmo que não as escreva nem cante, mas com dedicatória certa.
Hoje, mais do que nunca, grita-me aos ouvidos este silêncio mordaz e traz-te a mim com a força desmedida que nem um avião consegue diluir. Há lembranças, lamentos, sorrisos e nem mesmo uma ou outra lagrimita retiram encanto ao privilégio que me concedeste no nobre acto de te amar.
A partida, hoje, custou-me muito. Não te demores…

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