sábado, 6 de março de 2010

"Paz, pão, povo e liberdade" (Mafra, 2010)


Pedro Passos Coelho, José Pedro Aguiar Branco, Paulo Rangel e agora um tal de Sr. Castanheira são, para já, os candidatos à liderança do PPD-PSD (estou crente que ainda possam aparecer mais três ou quatro, bem ao jeito do Partido do Povo do Cambodja). Dentro de uma semana ganharemos imagens de jovialidade e boa disposição em todas as estações lusas de TV que entretanto vão esfregando as mãos de contentes, na eminência destes "malucos do riso" deliciarem um povo inteiro com a fuçanguice do poleiro laranja...
Na ausência de Santana Lopes (que aqui lamento profunda e consternadamente) e expectante até ao último segundo pela candidatura de Marcelo, vou viajando pela fantasia de imaginar estes quatro senhores a entrarem por entre o fumo espesso, de óculos escuros, ao jeito do distinto júri dos ídolos (mas sem a respeitável senhora brasileira), tudo isto sempre em "slow motion"...
Curiosa é esta tendência cada vez mais assertiva de o PPD-PSD (sempre gostei da sigla) se minar a si próprio. Já se fazem debates entre candidatos nas televisões, inventam-se argumentos em directo para distanciar pontos de vista, maquilham-se semblantes com seriedade e futurismo e discutem-se problemas para os quais todos eles estão afincadamente decididos a resolver. Muito obrigado por existirem!
Rangel é o tipo que a meu ver será o mais consensual, de ar simpático, simples, humilde, daqueles que mantém orgulho no pai sapateiro e na mãe doméstica, de cabelo sempre meio despenteado, com uma generosa bocha semelhante à minha e com o fatinho que não foi comprado na Rosa & Teixeira. Aguiar Branco é o "primogénito" de Ferreira Leite, o menino que tudo aprendeu com distinção e que, alcançados os cabelos brancos, dispara aos novatos do partido com quatro anos de militância (!) chamando a si a arrogância e a omnipresência dos dinossauros cor de laranja que continuam a achar que tudo está bem e que foram os cabrões dos comunas que mataram o Sá Carneiro! Quanto a Passos Coelho, realço o tom de voz eloquente e radiofónico, a postura em que se misturam laivos de "bétice" e uns inequívocos sinais "sócretinos" que ainda os divide porque Passos Coelho não vai a Out Lets, não tem o número de telefone do presidente da Prisa, da ERC, da Refer, da PT... Repito, ainda.
Em relação ao Sr. Castanheira, se tiverem informações mandem... Diz que quer fazer do PSD um partido mais "verde".
Já falta pouco... Pessoalmente estou curioso para ver e ouvir os discursos dos candidatos e as análises imparcias (!?) da Constança Cunha e Sá na TVI. Quero ver o "circo" mediático das luzes e dos desconhecidos emplastros que disfarçadamente se posicionam na trajectória dos holofotes, o espírito de entrega, de missão, do "Paz, pão, povo e liberdade...", e anseio pelas intervenções dos "ilustres" Mota Amaral, Valentim Loureiro ou Alberto João Jardim, ao fim ao cabo aquela dúzia de oligarcas que vão andar por esses dias de sorriso cúmplice e bonacheirão, calmamente aguardando os resultados do sucessor de gente tão ilustre como "Zé Manel" Durão Barroso, o grande Santana ou a afável e cativante Ferreira Leite... Ui!
Até ao desfecho teremos, porém, que gramar o teatro dividido em tributos e lágrimas de emoção de cada vez que se evoca Francisco Sá Carneiro. Faz parte. Pena que da Social Democracia por si preconizada reste apenas o nome que, na verdade, ainda chega para encher as panças e os bolsos desta gentinha que teria que nascer três vezes para se poder intitular Social Democrata!
Mas não passarão nunca de "laranjas"... do chão.

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