quarta-feira, 3 de março de 2010

As Sinergias "do" Grupo

Já sabemos que o sistema económico-financeiro vigente nos últimos anos claudicou mas não seria má ideia pensarmos um bocadinho, não apenas nas repercussões e no que mudou, mas essencialmente no que tem de mudar. Sou um "menino" perto dos gurus com que felizmente tenho lidado nestes anos que levo de jornalista, porém esses sábios da labuta escriba inspiraram-me e abriram-me as pestanas que ainda não se queimaram para uma realidade que, na verdade, herdara já das minhas gerações familiares mais vividas – a nobre arte de trabalhar.
Há anos, curiosamente logo no meu primeiro emprego, deparei-me com um conceito a que simpaticamente alguém apelidou de "Sinergias de Grupo" que, na prática, significa o dobro ou o triplo do trabalho, a redução efectiva da qualidade de vida, o aumento da carga horária, em muitos casos a perda das melhores horas da vida social, para no final do mês, o ordenado ser exactamente o mesmo.
Ora, na óptica administradora, ganha-se a coesão da(s) equipa(s), o espírito de entreajuda, a redução de custos "colaterais", em suma ganha-se uma "galinha gorda por pouco dinheiro"… Do ponto de vista dos escribas, enquanto não se fartam e desembocam meia dúzia de enormidades do mais refinado léxico ordinário, as "Sinergias de Grupo" funcionam um pouco como a equipa de futebol da selecção nacional, em que 10 estróinas afincadamente suam a camisola e marcam 5 golos, mas feitas as contas é o Cristiano Ronaldo que saca as fãs do Zé Povo nacional e não só…
Um respeitável indivíduo que me concedeu uma entrevista há dois anos dizia-me que "Amizade paga-se com amizade e trabalho paga-se com dinheiro", um aforismo digno e – arrisco - aplaudido de pé por escribas e administradores mas que não passa disso mesmo, um aforismo, ao jeito de um "Em Abril, águas mil" ou um "Grão a grão enche a galinha o papo". E pego precisamente neste último para lembrar às administrações que o "grão" é o usufruto de umas dezenas de "artistas" que dançam a valsa de fato de macaco todo o santo dia contando os 6 euros para almoçar em meia hora na tasca mais próxima e que nas folgas vêem os filhos fazerem uma birra porque não acreditam que o papá está estoirado e precisa de descansar. A mulher fica normalmente do lado dos filhos e o período de descanso, que deveria ser para isso mesmo, potencia o mau humor, a ira e, em muitos casos, uma factura pesada que quem menos merece acaba por pagar!
Entretanto continuam à espera que no final do mês, o dia de "São Receber" lhes traga um "grãozito" extra para dar de comer aos "pintos"…
Sindicalista eu? Peço desculpa Sr. Administrador (vénia). Afinal faltam apenas 10 minutos para a uma da manhã… Vou voltar ao trabalho!

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