segunda-feira, 29 de junho de 2009

Portugal no seu melhor


Não sou daqueles que desdenham a pátria, refutando-a com arrogância e preferindo uma satírica nacionalidade espanhola ou, em casos mais preocupantes, americana. Até porque em nenhum outro país existe uma região chamada Alentejo, não há migas, postas mirandesas, tinto da Cartuxa, verde minhoto, couratos, Minis, Eusébio, não há Tejo, fado, etc, etc, etc...
Mas há coisas neste lindíssimo país que ainda me deixam perplexo e meio estonteado. Li esta manhã num matutino nacional que os portugueses estão "pobres" e "desmobilizados" mas que, ainda assim, são "felizes". Malfadada passividade! Este é seguramente um dos crónicos e permanentes diagnósticos do nosso Zé Povo. E não é de agora. Ainda que a paixão fadista me inunde e me liberte, o fatalismo, a saudade, a indiferença são de entre as características nacionais, das que mais me transtornam.
Exige-se cada vez mais uma catarse purificadora que exclua unilateralmente do destino generalizado a linha abjecta que nos impuseram sem referendos mais ou menos eleitoralistas e a que nos adaptámos com a facilidade do costume, derrubando-nos todos os dias à saída da Qimonda, da Auto Europa, dos Centros de Emprego.
É factual o dispensável e desprezível contributo com que ao longo dos últimos 35 anos a nossa governação nos tem mimoseado. Antes, "António da Calçada" gozou o prato da estupidificação de gerações, orgulhosamente só, deixando para os vindouros a descoberta da escola e da formação. Hoje, os dados estão na mesa: a taxa de analfabetismo baixou mas ainda cá está bem evidente, a mortalidade ultrapassou pela primeira vez a natalidade, a vil crise já mora na nossa casa, o desemprego está extremado como nunca, Sócrates é Primeiro Ministro, Ferreira Leite é alternativa, e ainda por cima o Aimar continua no Benfica.
Optimismo e soluções para a nossa passividade ainda se encontram com mais ou menos esforço, mas reflecti-las no nosso quotidiano, ainda será possível?
Eu ainda sou novo. Perguntem a outro. Agora estou numa fase fatalista. Desculpem.

1 comentário:

  1. Não acho que o Aimar seja o pior... Essa passividade vê-se melhor na reeleição do Vieira e na relativa tranquilidade com que aquelas eleições de brincar se realizaram. O Benfica é a verdadeira metáfora do nosso "Poortugal".

    Tanto melhor para mim que sou do "Zpórten".

    Parabéns pelo blog. Haja mais planos tecnológicos como este!

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