sábado, 20 de fevereiro de 2010

Esta coisa de ser do Benfica...


O meu benfiquismo é inquestionável, moralmente superior e de uma parcialidade que só encontra semelhanças nas intervenções de Rui Santos ou, no que se refere ao verdadeiro futebol, às prestações de Martins dos Santos ou Carlos Calheiros. Ser do Benfica nunca foi, alvitrem o contrário se assim entenderem, sinónimo de lucidez e sensatez, mas antes de uma brejeirice saudável que nos faz descarregar em cima daquele homenzito de negro vestido e nos seus "acompanhantes relax" das laterais toda a ira e o pasmo de quem, volvidos 20 anos, ainda vê gente a dizer que o Vata marcou mesmo com a mão... Eu não vi isso, mas pronto.
Há dias, esparramado numa cama de hotel, passei os olhos pelos "50 anos de Carreira" de Fernando Alvim, radialista/apresentador/ninfomaníaco/respeitável anarquista de ideologias e etiqueta, e dei por mim sorrindo, subindo pela cabeceira da cama à medida que Alvim desfiava adjectivos para sustentar esta coisa de ser do Benfica. Falou na "chama imensa", no inferno da luz, no Néné, no Chalana, no antigo Estádio da Luz, nas "Mines", e tudo isto em perfeita sintonia e ebulição era espumante insestentemente agitado e prestes a "explodir" enquanto a cama do Tivoli já se tornara no terceiro anel e eu já tinha comido meia sandes de coirato, um escorrido pingo de gordura na camisa, estava transpirado e chamava "boi" a quem de direito, e gritava o golo de Rui Águas pulando com a alegria de um recém-adolescente à beira da primeira masturbação... Isto é ser do benfica. Lamento o choque.
Quem não é está por esta altura abanando a cabeça com um sorriso irónico e exclamando "Este gajo está cada vez mais parvo!". Estarei, porventura, mas por razões que não me apetece desenvolver, não vá eu ser chamado à comissão da Assembleia... Estarei, porventura, mas nunca pelo Benfiquismo!
Os castigos do Vandinho, do Hulk e do Sapunaru!? Acho mal, foi pouco tempo! Então e o Hélton, o Fucile, o Rodriguez, o Ruben Micael? (Ah pois esse ainda não estava lá...). Mas agora já está e também conta!
Esta coisa de ser do Benfica tolhe o que resta da minha inteligência e do bom senso sempre que Javi Garcia entra a pés juntos e eu aplaudo ou quando dou por mim a afirmar que o português do Mantorras melhorou bastante e que ele continua a ser imprescindível no clube...
Esta coisa de ser do Benfica abarca uma democracia interna em que coabitam ricos e pobres, políticos, ladrões, Vale e Azevedo e Eusébio. Perdoamos tudo entre nós, nesta "maçonaria" laica, em que fazemos jus apenas a Artur Semedo ("A minha religião é o benfica!"). Entre nós, semeamos a concórdia, o objectivo comum, somos o sindicato mais unido do mundo (e o maior também) e deixamos divergências lá fora porque o estádio da Luz é o santo graal de todas as nossas vidas... BENFICA! BENFICA! BENFICA!
O quê!?!? O Sócrates é do benfica? Foda-se!!!

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