quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

"Parvo és tu que vais votar"


Se dúvidas ainda houvesse sobre em quem votar nesta contagem decrescente para mais uma destacada posição de miserabilidade do povo português, as televisões encarregam-se de esclarecer os mais atentos com sucessivas aparições dos "ilustres" beneméritos candidatos a perpetuar a pátria lusa tal como a conheço.
Falo em miserabilidade do Zé Povo, do ponto de vista de uma abstenção que se adivinha, no mínimo, anedótica. Creio que a ignorância se mescla muitas vezes com a estupidez natural de um Zé que ainda não interiorizou que a posição "Eu não confio em nenhum, não vou votar!" não é mais que um acto único de leviandade pouco mais que parola e que, em abono da verdade, não define posição nem tão pouco opinião. Bonito e original seria ver os vários candidatos, unidos, numa campanha de alfabetização em pleno horário nobre explicando ao Zé o significado da expressão "voto em branco"...
Mas não será sequer provável. Em vez disso, angustiar-nos-emos mais uma semana com a cadavérica presunção vencedora de Cavaco sorrindo, estático, a cada interpelação sobre o BPN, e com a nostalgia do Maio de 68 de um Alegre poeta com ataques de pânico quando se fala do BPP. Nobre medicina uma simpatia unânime mas descolorida, Moura é Defensor ainda não percebi bem do quê, o PCP lança para a corrida mais um dos nomes que ninguém se lembrará em Fevereiro (eu já tenho dificuldade em lembrar-me), e no meio de tudo isto, ainda temos um destemido madeirense a animar as hostes e, com efeito, a divertir o Zé Povo.
O circo está montado para mais um Domingo de festa e de passeios pelo Colombo, para orgulhosos democratas e faminta populaça ansiosa pelas 19h para saber das projecções. Portugal não vai parar, nem de perto nem de longe, até porque para mal dos pecados de muitos milhões, o Benfica não jogará certamente nesse dia. Logo, a ténue percentagem de cidadãos que levantar o nalguedo do sofá para perder 5 minutos e dobrar o boletim, será na manhã do dia 24, motivo de chacota pela larga franja de Josés e de Marias que acrescentarão ao "Não confio em nenhum, não vou votar", a provável terminação: "Parvo(a) és tu que ainda foste votar!".
E, no meio deste pestilento lamaçal de párias, ainda há quem se ofenda com a hipotética candidatura de Manuel João Vieira! Permitam-me uma brejeirice sulista: "Haviam de levar com um gato morto pelas ventas até ele miar!"... (pobre gato)

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