segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Eis-me em desabafo!...

Serve este Reviralho para duas coisas: exercitar a escrita e a crítica que o jornalismo me negou há um punhado de anos, e desabafar. É precisamente nesta vertente que hoje me exponho. Por mais anos que avance na vida, a personalidade e o carácter, parecem-me, estagnados e isso irrita-me. Sou um imperfeito puro, um insatisfeito, intolerante comigo e com outros, repudio-me a mim mesmo muitas vezes. Dizem-me uns que tem a ver com o Zodíaco (Virgem). Outros afiançam que mais cedo ou mais tarde tudo melhora. Os mais chegados perdoam tudo e dizem-me ser uma pessoa do melhor que há.
Em jeito de dourada escalada aberta ao garfo e à faca, assim me exponho eu. Não procuro catarses nem respostas mais ou menos reconfortantes, inspira-me apenas o que sou para escrever qualquer coisa num fim de tarde periclitante, chuvoso e propício a uma espécie de auto-psicanálise. Tento fazê-la inúmeras vezes para mim mesmo, refugiado, mas acabo sempre num cigarro pensativo e nos acordes plangentes do tributo a Paredes do meu “mano” Custódio. Ele (e mais dois ou três), em jeito de alma gémea, diz-me de sorriso puro tudo o que penso mas não quero ouvir. E eu aguento-me. Ele tem quase sempre razão.
Amo e sou amado. Tenho casa, carro e (hoje em dia) trabalho. Tenho amigos e família. Tenho os discos que mais gosto, máquina fotográfica e de filmar, computador, comida e bebida, sou do Benfica, tenho ainda o Alentejo por morada certa e os de quem menos gosto a uma hora e meia de distância. Mas mesmo assim, chego mesmo a odiar-me. O que mais podia eu querer, diabo!?
É na felicidade que a melancolia mais entra, angustiada, gritada, cansada e indisponível para optimismos mais ou menos fundamentados. Por mais que tente (e tento-o há anos) tem sido sempre assim. À dança descontraída do reggae jamaicano (das poucas ocasiões em que me verão a dar um pezinho), responde quase sempre o “mano” Custódio… Bolas!
Há ainda o Fado, indissociável da escrita e que, juntos, me exigem a solidão de um estúdio para cantar madrugada fora e carpir esfomeadamente frustrações e ensejos (enquanto o Custódio me traz o Paredes aqui para o lado a dar-me umas palmadinhas nas costas!).
Meus amigos, perdoem-me esta lenga lenga, mas hoje estou particularmente aborrecido e transtornado comigo mesmo. Sinto-me o pior, incapaz, inconveniente, sinto-me a mais e com muito mais a dizer, mas poupo-vos a dissertações ridículas extra porque, afinal de contas, eu sou tudo isto… e, mesmo assim, o mais irónico e estúpido, profundamente estúpido, é que ainda gosto de ser como sou!
Certo, certo, é o amor que sinto por quem mais gosta de mim… inequívoco, leal e intocável.

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