segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Em noite de aniversário...


Fiz 30 anos. Até aqui tudo bem, é a ordem natural da vidinha, mas o que realmente me faz espécie é o facto de a mesma vidinha parecer querer rasteirar-me ao jeito do saudoso Petit! É cruel e implacável o sadismo que me oferece sem nada em troca quando me esvazia o espaço outrora preenchido por dezenas de sorrisos e me entrega em bandeja de inox a uma gritante solidão.
Fiz 30 anos. Ora, vidinha, dá-me lá então uns aninhos de paz comigo mesmo, sem que me passe pela cabeça emigrar para a Sibéria ou para o Burkina Faso com bilhete de ida! Por vezes gostava de ser um simples rústico agricultor isolado por terras abandonadas de Amareleja ou um troulha de manga cava empunhando, orgulhoso, a vigésima Mini enquanto esmiuça, não o sufrágio, mas os resumos da II Divisão distrital e o desempenho do Cinfães na Liga... Chateia-me este vício de pensar demasiado, da preocupação latente, o querer respostas para ontem, irrita-me estar só e demasiado acompanhado, não compreender a adaptação do David Luiz a defesa esquerdo, irrita-me a busca incessante da felicidade suprema quando, segundo todos me dizem, "o que tiver de ser teu às tuas mãos virá ter"...
Fiz 30 anos. E depois? Depois (do Adeus) fica a melancolia de sempre, esta vontade tremenda de chorar envergonhadamente, fica a saudade que o Fado me ensinou sem piedade alguma, um inexplicável chamamento para me flagelar mesmo enquanto os que me amam me puxam para dançar a vidinha... a mesma que já me deu 30 anos. E depois?... Depois vêm os 40 e se tudo correr a favor da natureza, os 50... Mas, vidinha, imploro-te a paz, o amor e o desprendido sorriso. Só assim me farás sentido... um dia.

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