sexta-feira, 26 de junho de 2009

A ancestral arte de seduzir... na feira

A dada altura de um jantar em plena Feira de S. João dei por mim a levar a cabo um pseudo-estudo sociológico, em jeito de BBC Vida Selvagem, sobre o comportamento masculino e feminino, enquanto mastigava entremeada e emborcava uns decilitros de sangria…
Notei com extrema facilidade a brejeira, em muitos casos barrasca, atitude masculina ao longo de toda uma noite, não claudicando na tentativa de engate permanente, nomeadamente depois de tratar os barris de Sagres por "tu". O curioso é que a postura, pouco digna mas assertiva, se revelou transversal na maioria dos casos e nas diversas faixas etárias. Uma espécie de irmandade. Cúmplice, roçando mesmo a entreajuda mais primária. Ainda que a marca da roupa, o corte de cabelo, as expressões, o dedo escolhido para coçar a virilha e o grau de discrição para o efeito, entre outros itens, diferenciassem os espécimes, a cobiça (inclusive da mulher alheia) e essencialmente as ganas relativas à possibilidade de acasalamento atingiram picos de desmedida loucura, proporcionando piropos de gosto duvidoso, frases e ditos à altura, babando-se, cuspindo, gritando, em muitos casos dançando até algo que - a espaços – se pareceu mesmo com o arrojo contemporâneo da arte. Álcool e estupidez natural a mais? Desencantem-se. Pura arte.
Pior foi comprovar in loco que na ala feminina havia, em número considerável, reprovável reciprocidade.
David Attenborough, parece-me, anda a perder tempo na Tanzânia e no Serengheti! É que, face ao que vi, as disputas animais por terras de África pela tão desejada cópula, são meros lirismos lamechas que envergonham o vigor e a virilidade desta gente que dos 15 aos 60 anos (optimismo meu) me deleitou com um espectáculo maior durante uma noite inteira… bem ao jeito da Idade Média. Aplauda-se, pois, com a veemência Shakespeariana. O futuro das gerações é risonho… Chiça!

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