quarta-feira, 24 de junho de 2009

"Slow Food"... estou sempre a aprender!

Outro dia, num destacado hotel de Évora deparei-me com um novo conceito. Chama-se "Slow Food" e consiste em ter à mesa meia dúzia de gente com apetite mas que tenha todo o tempo do mundo para jantar, pelo menos assim me pareceu de cada vez que olhava para a mesa e os via, calmíssimos, como se os ponteiros do relógio não os contemplassem na fina arte de envelhecer.
A ideia é degustar convenientemente todos os alimentos, ingredientes, temperos, acompanhamentos, bebidas, sobremesas, entradas... E tudo isto equivale a dizer que o jantar começou às 20h30 e já passavam duas dezenas de minutos das 2 da manhã quando este "gourmets" pousaram definitivamente os talheres (não percebi bem se algum deles se deixou entretanto dormir durante a refeição).
Inquietou-me. A ideia é salutar e num tempo como o nosso louve-se quem pensa, pelo menos, em passar algum tempo à mesa sem que seja apenas para enfardar uns milhares de calorias rapidamente e beber 1 litro de Cola, antes de o sofá nos tornar a abraçar como se não houvesse amanhã. Porém, o tempo é um bem precioso e, nos dias de hoje, urge de uma forma - parece-me - inédita. Quase não temos tempo para um real beijo, ou para dizermos a quem amamos o que sentimos, dado que o autocarro está a partir, estamos atrasados, as Finanças fecham cedo ou o jogo do Benfica está a começar e nem sequer dispensamos os anúncios da Sotinco e da Sagres que o antecedem.
Parece-me então natural que um conceito como o "Slow Food", uma vez mais, tem entrada directa no top da vasta lista de vaidades que os mais requintados tugas têm compilado história fora e que se enriquece diariamente com "anexos" gourmet cosmopolitas e sempre, sempre na moda. Veja-se, por exemplo, uma Açorda Alentejana ou umas Sopas de Tomate, outrora comidas plebeias e "baratuchas". Hoje perfilam-se como protagonistas de inúmeros menús dos mais distintos restaurantes... Mas isto seria assunto para discutirmos todos num jantar das 20h às 2h. Para já, sugiro um brinde como entrada! Bom apetite!

1 comentário:

  1. Era mesmo um evento da Slow Food, ou estás a brincar? É que existe uma organização com esse nome (http://www.slowfood.com/). Pelo que sei, quando começaram (já lá vão uns anos), pretendiam defender a culinária tradicional italiana. O simbólico pretexto para se lançarem terá sido um manifesto contra a instalação de uma loja da McDonald's na praça de Espanha, em Roma. Depois começaram a catalogar especialidades culinárias de países da UE, ameaçadas pelas normas de segurança alimentar. Hoje defendem a promoção da agricultura sustentável e equitativa: contra a concorrência desleal que os agrucultores dos países pobres sofrem perante a agrucultura subsidiada do nosso 1º mundo. Lindo, não?
    Beijos.
    Rute

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